03 março 2011

ALMENARA

No início dos anos 80, o engenheiro mecânico Anuar Chequer teve a idéia de produzir um pequeno buggy de linhas arredondadas. Naquela época, o mercado nacional era repleto de opções de automóveis esportivos fora-de-série, e foi neles que Anuar se baseou para desenhar o Almenara. O projeto final ficou pronto em 1983, e a primeira unidade foi construída um ano depois. Disponível em duas opções de chassis, ambas com mecânica Volkswagen, o buggy tinha carroceria do tipo monobloco, construída em fibra de vidro. O nome Almenara foi uma forma que Anuar encontrou para homenagear a cidade do Vale do Jequitinhonha, onde viveu por alguns anos. O carro Almenara do colecionador Telmo Dornas (que aparece nas fotos) não tem lanternas originais, mas traz logotipo na traseira.
Antes de iniciar a produção do modelo, Chequer fatiou um Puma em 40 pedaços para estudar a estrutura do fora-de-série nacional. O fato não foi bem interpretado por alguns populares que passavam pelas proximidades da oficina de Anuar. “Quando cortava a carroceria, percebi que o portão estava aberto e haviam várias pessoas assistindo ao fato, assustadas. Alguns até giravam o dedo indicador em volta da orelha, no clássico sinal de ‘louco a vista”, conta o engenheiro.
O primeiro protótipo do Almenara foi construído em madeira pelo modelador Antônio Lacerda, que demorou oito meses para a conclusão. A produção da carroceria era feita na oficina de Anuar, mas boa parte das unidades foram montadas em Belo Horizonte. “Na época, um delegado local insistia em classificar o Almenara como um automóvel, enquanto na verdade ele tem características de um buggy. Isso fazia com que o modelo tivesse uma tributação maior. Por isso, todos os carros foram montados e emplacados fora de Itaúna”, conta Anuar.
A versão mais despojada era montada sobre chassi Volkswagen com motores 1.500cm³ ou 1.600cm³, ambos arrefecidos a ar. Mas havia outras opções, com mecânica do Passat 1.5 ou 1.6 (ambos refrigerados a água) e traseira alongada. O comprador podia escolher qualquer cor e a lista de opcionais incluía desde conta-giros no painel até rodas em liga-leve. O preço básico era equivalente à metade do valor de um Fusca 1.600 zero.
Das 17 unidades montadas até 1988, poucas restaram. Até mesmo em sua cidade de origem, não existia um Almenara. O colecionador Telmo Dornas adquiriu um exemplar, em Pará de Minas. “Só fiquei sabendo que o Almenara foi fabricado em Itaúna depois de comprar o carro”, revela Telmo. No exemplar do colecionador, montado sobre o chassi de um TL 1971, alguns detalhes foram modificados em uma reforma recente. Apesar disso, o desenho básico não foi alterado. “Em relação à aparência do primeiro Almenara, o carro do Telmo tem apenas retrovisores, revestimento dos bancos, rodas e lanternas traseiras diferentes”, conta Anuar. 
O desenho do Almenara lembra as Ferrari dos anos 80, mas utiliza somente peças de modelos nacionais na carroceria. Os faróis, por exemplo, vieram da Brasília e do Passat. As falsas entradas de ar nas laterais e o capô com formato em cunha demonstram nítida inspiração nos esportivos da época. No interior do buggy de Dornas, há espaço para apenas dois adultos com conforto, mas existe um pequeno banco atrás, onde cabem duas crianças. O painel conta com o essencial: velocímetro e marcador de combustível. As rodas em liga leve e o logotipo Almenara estampado na traseira foram encomendados especialmente para o carro de Telmo. Antes, para identificar o modelo, só abrindo o capô do motor traseiro, onde há um enorme logotipo estampado que denuncia o nome e procedência do buggy.
Foi produzido de 1984 a 1988.


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